quando britânicos e franceses se misturam aos anos 60
Chega agora nas lojas no Brasil (em Portugal já está nas lojas) o DVD “Sympathy for the Devil”. No clima de revolução dos anos 60, em 1968, deu-se o encontro entre a banda Rolling Stones e o cineasta francês Jean-Luc Godard.
O filme consiste em sequências dos Stones a gravarem em estúdio o tema Sympathy for the Devil, do álbum Beggars Banquet, intercalado com imagens típicas de Godard em que o activismo político esquerdista e o apelo à revolução são uma constante. O filme foi remontado e rebaptizado pelo produtor dos Stones como Sympathy for the Devil, porém, Godard renega essa versão, preferindo a original, a que chamou One Plus One.
Godard registrou o trabalho dos Rolling Stones em estúdio, a construir minuciosamente a canção “Sympathy for the Devil”, por meio de longos e lentos movimentos de câmera. A esse material, o cineasta da nouvelle vague coloca em cena os anos 60: integrantes do movimento negro norte-americano Black Panthers enunciando slogans e movimentando fuzis no cenário de um ferro-velho; Anne Wiazemsky (então mulher de Godard), como Eva Democracia, perambulando num bosque enquanto dá uma entrevista na qual suas únicas respostas são “sim” e “não”; um jovem declamando trechos de “Mein Kampf”, de Hitler, numa livraria especializada em pornografia e romances baratos; e Wiazemsky pichando em muros londrinos slogans como “cinemarxismo”, “sovietcongue”, “maoarte” e “freudemocracia”.
One Plus One, a versão de Godard, parece tratar-se de uma homenagem ao mundo musical e cultural do rock’n roll. Entretanto, a presença da formação liderada por Mick Jagger serviu para destacar o simbolismo dos acontecimentos políticos que faziam estremecer as democracias liberais, questionar o poder da burguesia e colocar a revolução cultural e política na ordem do dia. Os Rolling Stones eram, de certo modo, a personificação por excelência da contestação e da ideia revolucionária da mudança.
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