terça-feira, 23 de outubro de 2007

espólio de jorge amado pode sair da bahia


Jorge Amado talvez não seja o mais importante escritor brasileiro, mas certamente é o mais conhecido, tanto no brasil quanto no exterior. Negar a importância de Jorge Amado é virar às costas a literatura brasileira. Mas há quem dê.

O Brasil está em risco de perder espólio de Jorge Amado. Cerca de 250 mil peças de valor histórico e literário que eram do autor de "Tieta do Agreste" poderão ser doadas a uma universidade americana por falta de recursos para sua manutenção. O acervo - dividido entre Casa de Cultura de Salvador e a residência onde o escritor e a sua mulher, a também escritora Zélia Gattai, de 91 anos, viveram, no mesmo Estado - reúne 70 anos de vida literária e política do escritor baiano.

As universidades de Harvard (EUA) e de Bari (Itália) já manifestaram publicamente o seu interesse em acolher o espólio, mas uma solução poderá passar por Portugal. O embaixador de Portugal no Brasil, Francisco Seixas da Costa, disse à agência Lusa estar disponível para procurar junto das autoridades e universidades portuguesas uma solução. "Teremos entidades em Portugal para receber e tratar este património do escritor, que tem uma relação forte e presença significativa na cultura portuguesa", assinalou o diplomata.

O abandono do espólio foi tornado público, no início deste mês, pelo ex-presidente da República de Portugal, Mário Soares, que alertou o governo da Bahia. Logo foi prometida uma solução para o caso e prometidos 100 mil euros para a Fundação Casa de Jorge Amado.

Contudo, o filho do escritor brasileiro falecido em 2001, João Jorge, adianta que "o governo estadual aguarda um parecer da Procuradoria de Estado" sobre o caso. E explica "Em Março foi suspenso o acordo que garantia a quota mensal de aproximadamente 30 mil euros, sob a alegação de que o valor não poderia ser usado para pagar despesas pessoais já que a instituição é de cunho privado".

Só graças à pressão feito por intelectuais é que a Fundação obteve o acréscimo de cerca de 70 mil euros, para que ser utilizado ao longo de seis meses.

O primeiro contacto feito pela Universidade de Harvard para incorporar o acervo do escritor baiano aconteceu "há pouco mais de 20 anos". "Na época, houve uma mobilização muito grande e Jorge Amado não aceitou a proposta porque, para ele, toda a sua obra e as homenagens recebidas pertenciam aos baianos", recorda a directora da Fundação.

Já o escritor João Ubaldo Ribeiro revela que o espólio, a ser doado, "seria uma perda lamentável para a história literária brasileira" e uma falta de respeito "para com o nosso maior escritor".

Todos os brasileiros deveriam dar um grito. Será que nenhuma universidade brasileira, principalmente a baiana, não poderia ficar com este espólio? Ou melhor algum museu? A velha história do dinheiro.

Enxertos: Jornal de Notícias

2 comentários:

Anônimo,  23 de outubro de 2007 às 15:57  

Oissss....
Realmente estao acabando com os direitos dos trabalhadores... e infelizmente a coisa esta presente em todo o mundo....

Gi, Roma

Anônimo,  26 de outubro de 2007 às 15:56  

Após a enorme repercussão na imprensa nacional e estrangeira e um apelo feito por uma das mais populares apresentadoras do Brasil na noite da passada segunda-feira, Hebe Camargo, da estação SBT, funcionários da Fundação Casa de Jorge Amado, na Bahia, e os seus parentes voltaram atrás nas suas declarações. Tinham afirmado que, por falta de recursos, boa parte do espólio do escritor falecido em 2001 teria que ser doado para universidades estrangeiras.

A directora da instituição, Miriam Fraga, agora já diz que tal medida seria apenas um "último recurso" e acrescenta que o que ocorreu foi "uma confusão de informações e versões" e garante que o problema está próximo de ser resolvido.

Miriam Fraga não esconde que algumas universidades americanas, nomeadamente Harvard, revelaram o desejo de ter nas suas instalações o espólio do escritor baiano. "No entanto, não vamos ceder o espólio assim de modo tão fácil; temos lutado para mantê-lo aqui na Bahia", disse a directora.

Aquela responsável explicou que a doação do espólio de Jorge Amado somente ocorrerá se não for possível climatizar a obra, no prazo de um ano, em local adequado, e adianta que o governo baiano voltou atrás e disponibilizou recursos para a instituição. No entanto, os valores não foram divulgados.


Jornal de Notícias de hoje

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